5 tendências do Novo Urbanismo para os próximos anos
Você certamente já ouviu falar de comunidades, bairros e até cidades pensadas e planejadas para pessoas, indo na contramão do modelo arquitetônico que foi predominante no mundo desde o avanço da revolução industrial e da explosão do mercado automotivo. Essa vertente vem ganhando cada vez mais destaque em todo planeta e é um dos pilares do chamado Novo Urbanismo.
Trata-se de um movimento que tem como principal objetivo fazer com que o ambiente físico impacte positivamente na vida de seus moradores por meio de uma série de diretrizes e práticas que tem as pessoas como o grande centro dos projetos urbanísticos. Mas, afinal, quando e como surgiu esse movimento e quais são as tendências que devemos observar com mais frequência a partir de 2022?
O que é Novo Urbanismo?
Pode-se dizer que os debates em torno de um novo modelo urbanístico não são tão recentes assim. Na década de 1950, muitos arquitetos e urbanistas já discutiam a necessidade de rompimento com o modelo predominante de planejamento urbano vigente.
Com o crescimento dos meios de transporte em massa, entre os séculos XIX e XX, este modelo ficou caracterizado pela formação de zonas suburbanas, longas distâncias entre casa e trabalho e, sobretudo, um maior peso para os automóveis em detrimento das pessoas no espaço urbano. Além de impactos sociais, como o aumento da segregação por raça ou classe, esse modelo agravou os problemas ambientais com os quais convivemos até hoje.
O debate ganhou corpo algumas décadas mais tarde. Em 1993, foi fundado oficialmente o movimento Novo Urbanismo com a realização do primeiro Congresso do Novo Urbanismo (CNU), nos Estados Unidos. Esse encontro reuniu urbanistas, arquitetos, planejadores, desenvolvedores e engenheiros dispostos a romper com o modelo urbanístico predominante, como Peter Calthorpe, Michael Corbett, Andrés Duany, Stefanos Polyzoides, Elizabeth Plater-Zyberk e Daniel Solomon.
Três anos mais tarde, a publicação da Carta do Novo Urbanismo trouxe ainda mais holofotes para o movimento e passou a servir como norte para diversos projetos espalhados pelo mundo. A partir de 27 diretrizes fundamentais para um planejamento urbano mais sustentável, o Novo Urbanismo tem como principais pilares a restauração de centros urbanos e cidades em regiões metropolitanas mais funcionais, a reconfiguração de subúrbios extensos em comunidades autônomas de bairros e a conservação de ambientes naturais.
Com a adesão de milhares de entusiastas do Novo Urbanismo, o CNU passou a ser realizado anualmente e se consolidou como o principal espaço de estudos, debates e planejamento deste modelo e da sua importância na reconfiguração urbana.
Cidades e bairros planejados para pessoas
Entre os 27 princípios ratificados pelo movimento Novo Urbanismo, não há como deixar de destacar aquele que deve ser o elemento predominante em qualquer planejamento urbano: o ser humano. Segundo essa vertente, deve-se pensar em projetos que estimulem os cidadãos a assumirem a responsabilidade pela conservação do espaço urbano, mas que também valorizem características como comodidade, segurança e qualidade de vida.
Dessa forma, as cidades e bairros planejados para pessoas devem ser norteadas por um ambiente amigável para pedestres (preferencialmente com vias mistas de trânsito), privilegiando atividades da vida diária que estejam a uma simples caminhada de distância – desde centros comerciais até áreas de lazer, passando também por centros educacionais e de saúde.
Um exemplo a nível internacional é a cidade de Seaside, nos Estados Unidos, considerada a primeira comunidade planejada e executada seguindo os preceitos do Novo Urbanismo e mundialmente conhecida pelo aproveitamento de espaços, estilo arquitetônico e por uma planta com centro comunitário bem definido – em outras palavras, uma cidade para pessoas.
No Brasil, o projeto Vivapark Porto Belo, da Vokkan, é um dos mais promissores exemplos de Novo Urbanismo, sendo o primeiro bairro parque do país. Desenvolvido pelo urbanista Jaime Lerner, conta uma enorme área verde e tem a sustentabilidade e a potencialização das relações sociais em espaços integrados como seus pilares.
As principais tendências do Novo Urbanismo para os próximos anos
A cidade americana de Seaside e o Vivapark Porto Belo – além de tantos outros projetos de Novo Urbanismo espalhados pelo mundo – carregam consigo características que são verdadeiras marcas desse modelo. Abaixo, você confere cinco tendências que devemos nos acostumar a ver nos próximos anos.
Walkability
Por muito tempo na história da humanidade as cidades foram projetadas para o trânsito de pessoas, uma vez que outros meios de transporte motorizados não existiam. Isso mudou com o avanço da industrialização e alterou drasticamente a estrutura das cidades, com os carros ditando o ritmo nas vias públicas e coexistindo com o tráfego de pessoas, em muitos casos, de forma perigosa.
Uma das tendências do Novo Urbanismo é o walkability, ou seja, privilegiar outras formas de locomoção, seja por meio de vias exclusivas para pedestres e bicicletas, por exemplo, ou com vias mistas em que todos os meios de transporte consigam coexistir de forma harmônica.
Em bairros e cidades planejadas para pessoas, como o Vivapark Porto Belo, um fator que contribui para isso é a diminuição das distâncias entre as residências e as zonas de trabalho, comércio e lazer. O sistema deve maximizar o acesso e a mobilidade em toda a comunidade, de forma a reduzir a dependência do automóvel.
Polos educacionais integrados
Que a educação é a base para o desenvolvimento de qualquer sociedade não é segredo pra ninguém. Por isso, é fundamental que ela seja levada em conta no planejamento urbano. Uma das principais tendência dos bairros planejados, portanto, é contar um centro integrado de educação – não apenas no nível fundamental e médio, mas expandindo também essa preocupação para o nível superior.
Ter uma escola ou universidade a uma curta distância da residência contribui para a qualidade de vida e, por isso, está diretamente atrelado ao Novo Urbanismo. No Vivapark, de Jaime Lerner, a integração educacional está garantida com o Colégio Bom Jesus, que estimula o processo de aprendizado em um modelo humanista e de maior proximidade com a natureza.
Maior presença de áreas verdes
A preservação da natureza é uma das grandes preocupações de urbanistas e arquitetos que seguem os preceitos do Novo Urbanismo, e esta é talvez a tendência mais presente nos projetos de bairros, cidades e empreendimentos planejados – no Vivapark Porto Belo, são 70 mil m2 de área verde aberta.
Os motivos que explicam essa tendência são vários, desde a conservação dos recursos naturais por meio de projetos menos lesivos ao meio ambiente até os notórios benefícios que as áreas verdes como parques e vias arborizadas trazem para a saúde dos habitantes, prevenindo doenças respiratórias e outros males.
Áreas de lazer comunitárias
Os projetos urbanísticos modernos também visam a maior integração entre os moradores e por isso apostam em áreas de lazer abertas, compartilhadas e bem distribuídas pelas plantas do projeto – sobretudo nas zonas centrais de fácil acesso sem a dependência de automóveis.
Isso inclui parques, quadras poliesportivas, shoppings, academias e outros pontos de encontro dos membros da comunidade, sempre que possível privilegiando o contato com a natureza para reforçar ainda mais o caráter sustentável.
Muros virtuais com tecnologia e segurança
Por fim, a segurança é uma das prioridades de qualquer planejamento urbano – mas pode ser exercida de diversas formas. Uma tendência para os próximos anos é apostar na tecnologia e criar sistemas com menos cerceamento “físico”, como muros de concreto e grades, investindo mais em inteligência e inovação.
Entre os muitos aspectos tecnológicos aplicados no Vivapark para a segurança, podemos destacar alguns recursos como cercas virtuais, câmeras térmicas, reconhecimento facial, identificação de placas e veículos, bollards e totens de segurança, entre muitos outros elementos que compõe um verdadeiro ecossistema tecnológico. O objetivo é proporcionar não apenas a segurança, mas estimular o convívio e fazer com que as pessoas ocupem os espaços públicos com tranquilidade.